Postado por: Felipe Matos maio 28, 2010


O Comitê Executivo da Uefa adotou nesta quinta-feira o 'jogo limpo' financeiro, que prevê o impedimento de clubes sem equilíbrio em suas contas e cujas sanções devem entrar em vigor a partir de 2014.

O 'jogo limpo' estipula que, para participar das competições europeias de futebol, os clubes não poderão gastar mais dinheiro do que arrecadam, para evitar a chamada "vitória dos gastos", quando os clubes se endividam para formar grandes equipes.

Pois, o que aconteceria se o Brasil adotasse o "Jogo Limpo"? Numa análise inicial, grosso modo, a decisão traria primeiro um equilíbrio financeiro maior para as equipes. Em segundo lugar, é necessário separar entre as dívidas ruins e as dívidas boas. Uma dívida ruim é aquela que te obriga a fazer um empréstimo (ou seja, uma nova dívida) simplesmente para quitar dívidas passadas, como as questões trabalhistas.

Até pouco tempo atrás ainda pagávamos o salário do Fossati, que recebia em dólar no final da década de 80. Recentemente tivemos o caso de um ex-volante que veio do Figueirense, não rendia em campo a água suja da louça e foi demitido após aprontar uma confusão num quarto de Hotel numa viagem. Foi demitido faltando um mês para seu contrato terminar e o resultado foi uma ação trabalhista que rendeu ao hoje ex-atleta quase R$1 milhão.

Essas são dívidas irresponsáveis, que só dilapidam os clubes (e os grandes do futebol brasileiro adoram contratar um medalhão, não pagar em dia e comprometer suas receitas futuras). Já as dívidas boas são aquelas relacionadas a investimentos, como ampliação do Estádio ou nas categorias de base.

Tais investimentos serão resgatados no futuro e a administração Zunino está dando um aula para quem quiser aprender. Além da competência, é claro, precisa-se citar os benfeitores que tiram dinheiro do bolso e colocam dinheiro no Avaí, sem juros, ou a juros abaixo do mercado. Zunino, novamente, encabeça a lista.


Outro ponto que merece ser destacado é que a medida do Comitê Executivo da Uefa, caso fosse aplicada no Brasil, seria um divisor de águas na relação Clubes X Empresários. Ela separaria o joio do trigo, os competentes seriam mais facilmente identificados e seu trabalho mais facilmente reconhecido.

É o caso de Luiz Alberto, da L.A. Sports e Moisés Cândido. Fazer um time competitivo com R$50 milhões por ano é facil, embora os grandes brasileiros sempre se compliquem com tanto dinheiro, (mesmo porque a corrupção corre solta e muitos dirigentes comem uma fatia do bolo ou lavam dinheiro sujo. Já vimos isso aqui perto, não é mesmo?). O difícil é fazer time competitivo com o orçamento do Avaí, sem dinheiro público ou de origem suspeita, só com o (pouco) dinheiro limpo que pinga todo mês em nossa conta.

Por isso, empresários como Luiz Alberto e dirigentes como Moisés Cândido, craques no que fazem, mineradores com olhar clínico para identificar veios de jogadores baratos e ainda inexplorados, com sede de vencer na vida, seriam ainda mais disputados a tapa no mercado.

Provavelmente não seremos campeões do Brasileirão 2010, embora nossa equipe tenha condições de brigar por uma boa posição. Nossa meta é não cair, pois permanecer na Série A é possibilitar planejar um futuro de glórias devido ao aporte financeiro que a primeira divisão nos possibilita.

Muitas vezes reclamamos de jogadores, reclamamos da falta de grandes nomes ou mesmo do alto valor que pagamos por manter um time Série A. Mas, na ponta desta equação está a relação Custo X Endividamento e o futuro responsável e sustentável de nossa paixão. Acho que oficialmente o "Jogo Limpo" não chega ao Brasil tão cedo, mas o Avaí já saiu na frente se manter esta postura de pés no chão e cabeça nas estrelas...

(Fonte: Globo Esporte. Foto: Rubens Flores.).

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