Postado por: Felipe Matos março 03, 2010

A Salvação do Futebol vem do passado, mas é atual como nunca. Ao menos em Criciúma. O mês de março começou com notícias alvissareiras para o Tigre, com a posse de seu novo presidente, Antenor Angeloni. Saudado por torcedores e conselheiros com um baita foguetório, era como se o Criciúma acabasse de ter conquistado um título.

O novo salvador da pátria é um senhor milionário que há 26 anos não pisava no Heriberto Hülse para assistir um jogo. Angeloni abriu o coração. "Só aceito retornar pois ninguém teve coragem. E isso não é função para um homem de 75 anos como eu". Justificou sua ausência se referindo a uma mágoa. "Na minha última gestão, me abandonaram. Paguei toda a dívida sozinho e ainda me tomaram quatro jogadores. Dali em diante decidi não voltar. Se eu ficar amargurado de novo, eu saio".


Diz que tem empresários do seu lado que o farão levantar R$ 3 milhões. Já colocou 400 mil na conta para pagar as dívidas mais urgentes. Não sei se o dinheiro entrará como doação ou se como empréstimo, mas o que fica claro novamente é que a falta de profissionalização dos clubes, em pleno 2010, ainda nos faz soltar foguetes com velhinhos apaixonados pelo futebol, mesmo num clube campeão da Copa do Brasil, dos Brasileiros da Série C e B e tantas vezes campeão estadual.



"ieu?".

Alguns mais, outros menos, mas todos os presidentes avaianos - da fundação até à atualidade - foram um pouco Sassá Mutema. José Amorim levava o uniforme dos jogadores para sua esposa lavar em casa e empenhava seu ordenado - e o da esposa - para cobrir as dívidas do Avaí sem nunca ter reavido um centavo. Na última vez em que esteve no Adolfo Konder saiu de campo vaiado. Sem dinheiro para contratações, Amorim havia se tornado técnico da equipe e todos os seus mais de 15 anos à frente do Avaí desapareceram com as vaias. Desgostoso, nem na inauguração da Ressacada esteve, passando os últimos anos na Praia do Sonho.

Pico investiu carros de sua loja para ver o Avaí campeão estadual de 1988 e em 1992 chegou a hipotecar a casa onde morava. Dilmo Pires oferecia seu restaurante no Campeche como refeitório. João Salum estabeleceu em sua loja de tecidos o front da resistência avaiana e nem devolvia a chave da sede, pois sabia que quando o pepino crescia era à ele que os avaianos recorreriam. Zunino tirou dinheiro do bolso e pediu empréstimo em nome de sua empresa para levar o Avaí à Série A e hoje sonha com um clube auto-sustentável.

Zunino sonha em aposentar a família Mutema da Ressacada. Quer um bom patrocinador master para a camisa do time, quer entrar no Clube dos 13, faz afagos a Fábio Koff e Delfim, tem o apoio da Unimed, quer mais sócios, quer mais camarotes vips, quer transformar a Ressacada num centro empresarial aproveitando a proximidade com o Aeroporto e implantar inúmeras ações para que a figura do Presidente Mártir fique no passado, ou pelo menos que a mordida seja mais suave.

Nesse ínterim cometeu erros como a insistência em empresários de atletas aproveitadores na era pré-L.A. Sports e continua a cometer erros como a equivocada campanha Sócio Coração, que começou errada desde o início e que ainda causa antipatia em grande parte da torcida. Com a experiência dos últimos nove anos, Zunino deve saber que é muito difícil acertar em tudo e mais difícil ainda é sepultar a família Mutema do futebol, uma família não muito numerosa, mas que sobrevive ano após ano em sua rotina masoquista de exames no Laboratório Santa Luzia e compras no Hipermercado Angeloni.

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