Postado por: Felipe Matos julho 06, 2009

Falar sobre a arbitragem é muito chato. Falar sobre arbitragem depois de uma derrota é pior ainda, pois além de chato parece xorôrô de perdedor.

O mesmo pode ser dito da relação entre Avaí X Imprensa. Falar da mediocridade de grande parte da imprensa local é chato, pior ainda é reclamar dessa mediocridade após mais um resultado desfavorável.

Ao final do jogo, com a cabeça quente, Zunino reclamou que a imprensa joga contra o Avaí, insuflando a torcida contra jogadores e comissão técnica e contribuindo para o mal momento do time.

Zunino tem razão? Tem e não tem.


Não tem razão pois não é a imprensa que entra em campo e perde os gols que o Avaí perde. Não foi a imprensa que cometeu as atrocidades que Evandro Rogério Roman fez no apito e não foi a imprensa que deu competência ao Palmeiras. Também não foi a imprensa que contratou jogadores a rodo para “compor grupo” quando o Avaí precisava apenas de poucos e bons.

Mas, Zunino tem a sua razão ao reclamar da imprensa e isto não é nenhuma novidade. Lembro-me claramente que no ano passado essa imprensa medíocre que faz a cobertura esportiva em Santa Catarina abria a boca para falar que tínhamos que apoiar o Figueirense na Série A, pois o time Paraíso era Santa Catarina, era o esporte catarinense (e, talvez, o empreguinho deles) em campo, como se o papel da imprensa fosse apoiar campanhas.

O mais engraçado é que hoje parece que esqueceram desta disposição tão sadia e descompromissada com o “esporte catarinense”. A caminho da Ressacada tive a infelicidade de ser obrigado a ouvir o festival de bobagens da imprensa (quase nada) local.

Com a tradicional falta de assunto digna dos medíocres, a pauta era requentar velhas ladainhas. Críticas a religião no futebol, obviamente querendo queimar Silas com a torcida (ainda bem que a Seleção Brasileira na Copa das Confederações deu um belo exemplo de ateísmo bem sucedido, não é mesmo?), insistir que Medina e Odair sumiram misteriosamente do time avaiano, inclusive desdenhando dos contusões de ambos. Enfim, nada de novo.

Que Evandro Rogério Roman apita aqui descompromissado, sabendo que seus erros não aparecerão na mídia nacional, isto não é novidade. Ninguém espera que nas mesa-redondas pelo Brasil afora apareça um Godói descontrolado ou um Neto analfabeto para bradar contra os erros que prejudicam o Avaí. Mas, que a imprensa (nada) local silencie-se contra as atrocidades cometidas em campo, isto é inadmissível.

No Estúdio SC, por exemplo, preferiram dar destaque que o terceiro gol foi feito por um ex-jogador do Figueirense do que mostrar que os dois primeiros gols foram ilegais. Alguém se lembra dos escandalos feito pela RBS com erros de arbitragem que prejudicaram o time Paraíso no final do ano passado?

No Diário (nada) Catarinense não há uma linha sequer questionando as atitudes da arbitragem. Preferiram dizer que Silas está com a corda no pescoço, que a torcida vaiou o time e que, pasmem, Obina e Jorginho deram a vitória ao Palmeiras, como se Obina não tivesse feito seus dois gols em situação irregular e que Jorginho deu algum baile tático do Avaí, o que qualquer pessoa razoavelmente informada sobre futebol sabe que não é verdade. Jorginho não fez diferença alguma, o time do Palmeiras é superior ao Avaí e ponto final, mesmo se Jorginho entrasse num esquema 1-0-0-10.

O que sobra dessa ladainha toda é que é muito fácil roubar pontos do Avaí. Domingo a noite, no Fantástico, só passam os gols e uma vitória do Palmeiras sobre o Avaí ninguém estranha. Se fosse ao contrário, seria assim? Se o Avaí vencesse com gol de penalti inexistente e gol em impedimento?

O Avaí fica com a xepa da feira, os jogos em que erros não aparecem e a mediocridade dos árbitros é invisível para a mída. Afinal, quem se importa com o Avaí? Avaí é hoje um time invisível e assim será durante todo o campeonato.

Talvez o Avaí deva assinar contrato com a RBS para ser melhor "atendido". Talvez Zunino tenha que deixar de ser amigo de donos de outras emissoras para agradar setores que se sentem os donos da mídia. Talvez um "Café com o leoãozinho" bem recheado para agradar setoristas esfomeados e que recebem pautas prontas...

Particularmente eu havia achado um absurdo quando decretaram que para ser jornalista não precisava mais de diploma. Mas, pensando nos órgãos de imprensa que cobrem o dia a dia do futebol catarinense – com cada vez mais raras exceções, infelizmente – realmente não precisa de diploma para ser jornalista. Nem diploma, nem talento, nem ética, nem vergonha.

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