Postado por: Rafael VE maio 25, 2009

É só acabar um jogo para que se note a decepção que é o público na Ressacada e aí volte à tona um assunto muito falado: o maldito preço do ingresso.

São inúmeros, mesmo, os que reclamam do quanto é necessário se pagar hoje em dia para que se veja o Avaí em seu templo sagrado. Aqueles que tentam analisar friamente e enxergar o clube como uma empresa ainda assim conseguem se revoltar com a situação: R$50,00 para entrar num campo de futebol, o do seu time de coração - desacompanhado, aliás.

Até agora, em dois jogos, não ultrapassamos a faixa de 10.500 pessoas na Ressacada. A explicação óbvia? O preço dos ingressos. Será que só o ingresso é o grande vilão? Sozinho assim?

O presidente do Avaí, Zunino, declarou à imprensa que espera ter mais 5 mil sócios em poucos meses - e que esse seria um número suficiente de associações para fazer equilibrar as contas do clube. Já o novo sistema de catracas é, de certo modo, terceirizado: agora tudo passa pelo futebolcard. Sendo assim, isso significa que o presidente deseja, pois é a necessidade do clube, que a capacidade da Ressacada fique esgotada unica e exclusivamente com SÓCIOS. Só as informações da mídia eram suficientes para que se entenda essa medida do ingresso a R$50,00. Pois bem, não foi o que o ocorreu.

A torcida continua ansiosa por ingressos mais baratos, planos de associações familiares, para acompanhantes de sócios, enfim, para cenários que permitam realmente que um brasileiro desfrute totalmente do evento esportivo com sua família. O que posso dizer? Que a torcida está errada.

Quem dera nós tivessemos uma lavanderia também.

Explico: hoje, virar sócio do Avaí tem um único empecilho - e que não é o preço da mensalidade: o pagamento de 3 parcelas adiantadas. Pelo menos esse é o grande problema da maior parte das pessoas que querem virar sócias.

É uma questão que, em conversa com pessoas da Ressacada, já foi detectada, mas ainda se pensa em solução. A primeira solução, a qual já existia desde o início, é a opção do parcelamento destes 3 meses no cartão de crédito. Mas nem todo mundo usa cartão. E se o clube aderir a boletos de pagamento para que alguém assuma este compromisso seria necessário montar uma equipe do cobrança - algo que nem mesmo as melhores empresas de varejo têm de modo eficiente. Uma pessoa que não consegue ou não faz questão de honrar 3 meses de compromisso com o Avaí não é lucro para o clube, afinal ele perde uma vaga na hora de admitir novos sócios (o lugar do inadiplente não pode ser vendido - ou alugado, no caso da associação) e também não serve para um projeto de sequer médio prazo. Eu já disse que nós precisamos de sócios, mas ficou claro que eles precisam estar em dia, não?
Logo, apesar de cruel no ponto de vista humano, a medida de 3 parcelas adiantadas é acertada: ela seleciona pessoas dispostas a fidelizar-se ao Avaí, oferecendo uma fonte de renda fixa ao clube.

Há outro ponto importante sobre associação: ela não rende tanto quanto a venda de ingressos. Comparando os borderôs, ou seja, o boletim econômico de cada jogo realizado, é possível constatar isso. Por exemplo, o Palmeiras consegue uma renda líquida de 270 mil reais em um jogo com pouco mais de 19 mil pagantes. Veja aqui o borderô do jogo Palmeiras e Coritiba, válido pela primeira rodada do Brasileirão 2009. Já o Avaí, com 8344 pagantes consegue "somente" 30 mil reais de renda líquida.

Ou seja: o clube optou por, no primeiro momento, conseguir uma boa renda fixa e desprezar o fator sorte na hora de equacionar as contas. O sócio é muito menos volátil do que o torcedor que paga ingresso e aí reside o diferencial positivo que deveria ser valorizado por quem tanto reclama de pagar R$50,00.




Algo que não acontece com o Avaí, nem com o brasileiro.

Até aqui, acho que acrescentei pouco à discussão.

A parte que não vi ninguém falar até agora é a mais cruel faceta desta realidade que vivemos: no momento, não importa muito para a estruturação do Avaí que se faça planos familiares, de acompanhantes de sócios, enfim, planos alternativos e que lotariam a capacidade da Ressacada, com certeza. São planos que rendem menos dinheiro ao clube quando o estádio é limitado como o nosso. Oficialmente temos somente 15 mil lugares e com o novo sistema de catracas será impossível colocar público acima desse, estes 5 mil lugares que sobram têm que ser completados por sócios nos moldes atuais para que as contas se paguem. Caso contrário não faria sentido que a ampliação fosse nos setores mais caros, não?

Pode acreditar, NINGUÉM está contente com a situação.
O Avaí não esqueceu do grande público, da sua grande nação que não pode acessar a Ressacada neste primeiro momento de série A. É nítido de se ver isso em qualquer pessoa com que se converse lá dentro.

Quando tivermos sócios suficientes para que o planejamento seja feito eficientemente e bons times sejam formados e pagos em dia
, aí sim teremos condições de pensar em aumentar nosso querido templo, mas aí para dar lugar aos planos familiares, àqueles que acham que virar sócio não é grande negócio, até mesmo espaço para os que chegam à Ilha e estão carentes de times para torcer.
E agora: tu ainda preferes o Avaí dependente do borderô?
Ah... quem dera nadar no dinheiro, heim?

Vamos discutir isso, talvez o Gerson (Avaixonados) possa nos falar algo sobre Marketing e como ele é importante nesta área - assim como propôr novas ações para completarmos estes 5 mil lugares restantes no quadro de sócios sem deixar de ganhar novos torcedores. O Marcelo, do Mundo Avaiano, que já comentou sobre agradar os atuais sócios e até mesmo como atrair novos, também pode acrescentar algo - como sempre o faz brilhantemente.

O Fernando, aqui do vidAvaí, tem uma visão muito interessante sobre esse sacrifício a que políticos que pensam no futuro e aceitam estragar a própria imagem diante da sociedade imediatista, talvez ele possa expôr seu ponto de vista melhor também.

Mas o importante é que ninguém deixe de opinar, de apresentar seus pontos de vista, sempre com moderação e educadamente. Só assim se faz um debate saudável.

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