Postado por: Rafael VE maio 29, 2009

O melhor técnico do Avaí dos últimos tempos, talvez da História - aí quem vai responder sobre isso é o Felipe-, é uma figura emblemática do Avaí.


Paulo Silas do Prado Pereira, ou simplesmente Silas. O técnico que, até agora, colocou o Avaí pela primeira vez na série A e ganhou o Campeonato Catarinense de 2009 após 12 anos não é um vencedor do mundo da bola simplesmente: é um exemplo de caráter.


Não vou dedicar-me muito a biografia do homem, mas citarei os títulos como jogador pelos times por que passou e foi campeão: São Paulo, Internacional, Vasco da Gama, San Lorenzo (desse tu já sabias, heim?), Atlético Paranaense, Seleção Brasileira.

Foram mais de seis países na carreira.
E tem um detalhe nessa trajetória inteira: Silas nunca rompeu um contrato. Nunca. Tu vais entender, ou já deve ter entendido, porque falei isso.

Chegando ao Avaí já no segundo turno do Catarinense 2008, Silas veio desacreditado após perder a final do primeiro turno do estadual cearense com o Fortaleza: sua primeira experiência como treinador - até então vinha sendo auxiliar do ex-goleiro Zetti. Ele foi demitido. Correu, inclusive, boato de que esquentaria o banco para a chegada de Zetti após o término do campeonato. Naquele ano Silas perderia mais um título, agora o do returno catarinense, diante do Criciúma numa Ressacada alagada e imprópria para um jogo de futebol, ainda mais valendo tanto.

No início da competição seguinte, a Série B, o time de Silas entrava numa série de empates apelidada de empatite: tu já deves ter ouvido/lido esse termo esse ano. O resto da história nós avaianos conhecemos e lhe seremos gratos eternamente. Quis o destino (ou a Nossa Senhora da Ressacada) que subissemos à Série A debaixo d'água: foram 11 jogos debaixo de chuva, muita chuva, chuva demais - e ironicamente ainda hoje é possível ouvir torcedores avaianos querendo que chova, pois assim o time vencerá. Lembrando: o jogo contra o Criciúma foi naquele mesmo ano.

Após a conquista do acesso, e antes mesmo dela, pipocaram notícias de que Silas estaria de malas prontas - afinal, quem conseguiria fazer um time subir com Arlindo Maracanã na direita e Zé Rodolfo na esquerda? Aliás, esta é outra faceta do nosso técnico: a valorização do ser humano jogador. Não que me considere desrepeitando Arlindo e Zé, foram úteis, mas a opinião sobre suas qualidades técnicas não mudará.
O importante sobre estas propostas dos grandes times do Brasil simplesmente foram ignoradas pelo comandante azurra: o próprio afirma ter recusado receber 3 vezes mais.

Apesar disso, foi só Nelsinho Batista sair de um dos times que mais cresce no país - o Sport - que novamente Silas é cotado para assumir. Será que a imprensa ou os anônimos inventores de boatos ainda não aprenderam que este tipo de "notícia" não cola em Silas?

Não que ele deva receber mal, não creio nisto, mas uma vez aceitou um determinado salário por um projeto e se o trabalho deu retornos é para isso que está sendo pago - não para sair na primeira boa proposta que houver.

Silas é isso: não é um cara comum, é um homem de projetos. É só analisar suas entrevistas, suas palavras sobre transferências de jogadores. Não há palavra dita sem ser pensada, todo jogador é tentado a ficar até o final da competição para ter o passe mais valorizado.

Essa instrução dele aos jogadores, de ficar até o final das competições/contratos parece inclusive ser o que tem feito a vida toda. É o que me leva à principal dúvida: Silas é um destruidor do estereótipo capitalista movido a dinheiro?

Estou tentando não entrar no âmbito religioso da história, mas final do ano ficaremos sabendo se realmente é um homem de palavra para "aumentar o passe" ou se por ambições além-dinheiro. Tenho minhas dúvidas de que religão esteja envolvida nesta dúvida - assim como não estou bem certo de que um objetivo exclua o outro: muito menos de que terei esta certeza no desfecho do contrato.

Até lá, só me resta ansiar por uma vitória em cima do time por qual foi campeão duas vezes em 1992 - pois sei que não terá medo de vencer a partida, sem nunca perder o respeito pelo Internacional.

Silas fez renascer nossa auto-estima, como o autor de nosso hino - Fernando Bastos - disse recentemente. Se um dia lembraremos de Marquinhos até talvez acima de Adilson Heleno em número e importância de conquistas, Silas será uma referência única, o primeiro técnico ídolo da Ressacada. Independente de como ele saia, não será antes do fim do contrato - não por vontade própria.

Até lá, ainda Silas - ainda bem.



Links interessantes sobre o comandante azurra:

- Entrevista ainda no início da Série B (ClicRBS)
- Silas na Wikipedia
- Silas fala na igreja sobre o Avaí (Youtube)
- Silas jogador (Youtube)


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